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terça-feira, 30 de abril de 2013

Degelo nos Andes

Fotos aéreas e imagens de satélite registram encolhimento acelerado de geleiras da América do Sul

Por RICARDO ZORZETTO | Edição 206 - Abril de 2013 - Revista Pesquisa FAPESP. 

Em 2009 a geleira Chacaltaya desapareceu de vez da paisagem boliviana. Havia tempos que ela vinha encolhendo porque a quantidade de neve que ali se acumulava a cada ano não era mais suficiente para mantê-la. Mas não se esperava que sumisse de vez tão cedo, seis anos antes do que os pesquisadores haviam calculado. Situada a cerca de 30 quilômetros ao norte de La Paz, a capital da Bolívia, Chacaltaya era uma geleira pequena, mas internacionalmente conhecida por abrigar a pista de esqui mais alta do mundo, a 5.300 metros acima do nível do mar, e por ser o local onde o físico brasileiro César Lattes realizou em fins dos anos 1940 parte dos experimentos que levaram à descoberta do méson-pi, uma partícula subatômica. Seu fim antecipado deixou os bolivianos sem ter onde esquiar e virou notícia mundo a fora por um motivo bem mais importante: o que aconteceu com ela também vem ocorrendo com muitas das geleiras dos Andes e de outras regiões do planeta. Na opinião de especialistas, a retração das geleiras andinas pode sinalizar o destino de boa parte do gelo tropical caso a temperatura da atmosfera continue subindo no ritmo das últimas décadas: virar água. 
Hoje as geleiras bolivianas ocupam cerca de metade da área que tinham até meados do século passado. E, de modo geral, se encontram num processo de encolhimento acelerado – em especial as pequenas, com menos de 1 quilômetro quadrado (km2), como Chacaltaya –, segundo estudos recentes realizados por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com colegas bolivianos. “O que estamos vendo nas pequenas geleiras dos Andes é uma indicação antecipada do que pode ocorrer com as geleiras maiores dessa região e de outras”, explica o glaciologista Jefferson Cardia Simões, diretor do Centro de Pesquisa Climática e Polar da UFRGS e coordenador do grupo brasileiro. Leia mais...

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